Por vezes, acho que fico em cima da linha ténue, que separa as boas decisões das más, esperando que venha uma brisa que me empurre para um dos lados. Ao menos poderia culpar o vento por ser mau conselheiro. Culpando-me a mim, tenho apenas que aprender a viver com as minhas escolhas arrependo-me para sempre por não ter escolhido a outra opção. O problema é que se tivesse escolhido a tal “outra opção” provavelmente sentir-me-ia da mesma forma. Coisa idiota esta do pensamento, que nos faz pensar demais e fazer de menos. São os tais erros por defeito.
Sei que não faz sentido algum aquilo que digo… mas será, ainda assim, possível que alguém me entenda? Os pensamentos e lógicas articulados dentro da minha cabeça fazem mais sentido do que quando deitados cá para fora. Será assim com todos nós? Se assim o for, como conseguem então os outros tomar as suas decisões e viver em “paz” com as mesmas?
Talvez o meu problema seja pensar de mais no que “poderia ser se…” e não no que é no momento. Talvez… Mas nem disso tenho certeza. A vida resume-se então a incerteza. A tiros no escuro esperando não magoar ninguém e acertar, única e exclusivamente, no alvo.
O pior disto tudo, é que quanto mais indecisões tenho, mais penso em ti. Porque eras tu que me guiavas, de certa forma, pelo túnel obscuro que a vida consegue ser. Não eras a luz ao fundo do túnel mas eras os pequenos pirilampos pelo caminho. Agora, mais do que desejo daquele fascinante método de decisão de quando éramos crianças, em que tudo era simples, directo, óbvio, sem rodeios, artifícios ou complicações – o tão usado “um-dó-li-tá”, desejo ter o teu conselho. A tua presença. A tua incerteza poderia ser igual ou pior que a minha, mas tu eras dos que arriscam e que amparam a queda. As más decisões, ou as menos boas, porque tudo tem lado bom e mau, a ti não te assustavam. E se assustavam tu não me mostravas. Eras o porto de abrigo, o pilar. O que me leva a continuar a questionar o porquê de teres ido sem aviso prévio… sem guerra travada, quanto mais batalha vencida. Custa a querer que um dia foste tudo isto para mim, custa a querer que me faças assim tanta falta. Quem diria que a tua ausência me impediria de tomar decisões, de seguir com a vida… Eu sigo em frente, porque o mundo avança. A Terra vai girando em torno do Sol e os dias vão-se passando... No entanto, tenho sempre um pé estancado no passado que não consigo tirar sem ter a explicação para o impensável.
O pior, a verdade incontestável, é que por muito que eu deseje ter-te de novo, sei que mesmo que voltes, isso não irá acontecer. Porque tu já não és o mesmo. Já não és a pedra que sustenta a construção, mas a pedra que é atirada contra as janelas do meu ser que vai deixando marcas cada vez mais difíceis de sarar. E por isso, EU já não sou a mesma. O que tu fizeste será sempre uma mancha. Ainda que tudo o resto seja adorado e acarinhado pelo meu coração, a tua mancha consegue envenenar até mesmo essas recordações. Cavaste um vazio em mim, vazio que nunca conseguirei preencher. Vazio que me deixará para sempre frágil. Cada vez que visito as ruínas que deixaste em mim é quando me encho de insegurança. É quando tudo se torna incerto, e as decisões difíceis de tomar.
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