Na imensidão do mar encontro a liberdade. Os pensamentos surgem e proporcionam uma reflexão sobre a minha pequenez e até mesmo a minha grandiosidade.
O mar demonstra, por vezes, violência extrema. O mar zanga-se, é cruel, e nós temos medo. Sentimos receio por não o conseguir domar. No entanto, na mesma hostilidade que ele nos transmite encontramos conforto e apercebemo-nos que somos parte de um todo, em tempos desconhecido. Sentimo-nos acolhidos e falamos para o infinito na esperança que nos oiçam e até os mais ínfimos desejos se concretizem. O mar é uma espécie de Deus regente dos nossos destinos.
O oceano é imenso, como já referi, e tudo o que nos dá, leva; e tudo o que leva, mais cedo ou mais tarde, nos dá. Sobre a forma que menos esperávamos. Por vezes, desejamos algo, pensando que é o que nos faz falta, mas a sabedoria das águas mostra-nos que erramos. Elas que nunca são paradas e já viram mais coisas neste mundo que todas as gerações da espécie humana. Reconhecem em nós todos os segredos, todas as façanhas, angustias, fortuna… Reconhecem em nós, os sentimentos que desconhecemos ter. Não há-de ser por acaso que toda a gente, de uma maneira ou de outra, procura no mar o mesmo: amparo, compreensão, respostas.
É incrível a capacidade que este tem de nos dar respostas. Não soluções. Respostas às nossas questões. Solução cabe-nos a nós encontrá-la através da interpretação de tais respostas. Contudo, há que ter cuidado. Existe diferença entre respostas que o mar nos fornece e aquelas que queremos ouvir. Ao conversar com o Deus das águas, há que faze-lo sem perturbações de espírito, sem perguntas já respondidas, sem desesperos ou outras causas maiores. O mar louva os conscientes, os racionais sentimentalistas. Todos os outros são ignorados. Não há beleza no fundo do mar que responda a loucos, que afinal somos todos.