Ao longo da nossa vida entram e saem muitas pessoas. Umas saem porque as deixamos sair, outras porque as fizemos sair, outras saem porque resolveram partir e outras ainda, sem que esperássemos que isso acontecesse, sem um aviso prévio sem nada, resolvem partir.
No entanto, existe também muita gente que entra. Muitas delas sempre cá estiveram… nós é que nunca lhes demos tanta importância como agora, e muitas outras mal conhecíamos e vieram a tornar-se mais nossas amigas que pessoas que conhecemos há anos. A amizade não se vê pela quantidade de anos que conheces alguém, mas pela qualidade de pessoa que tens ao teu lado, do amigo que te apoia e das coisas surpreendentes que fazem por ti. Pequenos gestos. Pequenos nada cheios de tudo. Nestes últimos seis meses deparei-me com seres humanos incríveis, ainda que vos conheça à muito mais tempo, alguns de vocês à realmente muito tempo, nos últimos seis meses apercebi-me da sorte que tenho em vos ter presentes na minha vida, em fazerem parte de mim de certa forma…
Desde me ligarem para casa e obrigarem-me a ir sair, fazerem de tudo e mais alguma coisa para eu conseguir ir jantar com vocês, irem-me buscar ao trabalho e esperarem infinitamente por mim, até aturarem aquele meu mau feitio habitual, dando-me aquele abraço profundo que reconforta e é mais compreensivo do que qualquer palavra. Até mesmo por todas a vezes que me dão na cabeça eu estou agradecida.
Há uns tempos trás pensava que estava sozinha, que tinha muita gente que chamava amigos, considerando-os como tal, mas que na realidade eram conhecidos. Muita gente que não estaria para me aturar e que nunca me apoiaria como em certos tempos houve alguém que me apoiou. Existira sempre esse vazio em mim, irei sempre em determinadas alturas sentir-me sozinha, porque há espaços que nunca serão possíveis preencher. Contudo, sei que existem muitas outras alturas em que me posso sentir completa por vos ter a vocês, amigos, não conhecidos, mas amigos, como um pilar desta coisa a que chamamos vida. Nós rimos, brincamos, chamamos nomes, chateamo-nos… mas no final do dia tudo se resume a duas palavras: Amizade e Preocupação. Duas coisas impossíveis de dissociar, pois quem é amigo preocupa e quem preocupa é amigo.
Cada um de vocês é obviamente diferente, cada um com o seu feitio, cada um com a sua personalidade, e é isso que me faz achar-vos fascinantes. Que me faz achar-nos fascinantes. Porque de certa forma somos todos completamente diferentes, e somos pessoas que a partida nunca pensaríamos que pudessem entender-se tão bem e preocuparem-se tanto uns com os outros.
E por isso posso dizer que adoro os momentos passados com estas pessoas que são minhas. São minhas por vários motivos, e são minhas por tempo indeterminado, mas tem vindo a ser minhas já há muitos anos, e há muitos anos que as guardo.
Estas amizades minhas fazem-me sorrir, fazem-me ter conversas sérias, fazem-me brincar, aproveitar e ensinam-me a não me iludir. Estas amizades são a minha crença, são a minha religião. Estas amizades fazem valer a pena cada segundo. Porque estas amizades deixam-me memórias. Estas amizades comportam-se como minha família. Nela existem segredos só nossos, discussões que só nós entendemos e sobre as quais, só e apenas nós, temos o direito de opinar. Existe uma protecção, uma afinidade. Uma cumplicidade. E estas são pequenas palavras, palavras excessivamente pequenas, de tal forma pequenas que não conseguem explicar a complexidade desta amizade. Mas é isso que me fascina nela: a sua complexidade. Aquela que faz com que sejamos tão ridiculamente unidos, tão fascinantemente idiotas nos nossos gestos. Quando aprendes a ler as pessoas só com o olhar, apercebeste que não foste tu que as conquistaste, mas elas que te conquistaram a ti.
Tenho-vos a agradecer imenso, a cada um de vocês, mas gostaria também de agradecer especialmente à minha peste. Não descartando todas as outros ou menosprezando o seu valor para mim. Mas esta pessoa esteve comigo muitas vezes, esta pessoa provavelmente preocupa-se mais comigo do que eu. Esta pessoa mantém os meus pés assentes na terra quando o meu instinto natural é vaguear pelas despreocupações, cometendo asneira atrás de asneira. Esta pessoa não se zanga comigo, chama-me à atenção. Esta pessoa tenta compreender-me e descomplicar o que eu faço questão de dramatizar. Esta pessoa deixa-me sem palavras para que eu a consiga descrever. Ela acolhe-nos na sua vida mesmo mal nos conhecendo, ela está sempre lá quando precisamos pondo-nos à frente das suas próprias necessidades. Esta pessoa é mais do que um irmão para mim. Ela faz-me ficar com um brilho nos olhos cada vez que a vejo… a expressão dela diz-me que está tudo bem. Que a vida não é tão má quanto eu julgo que seja. Que há coisas que valem a pena, e que a amizade é uma delas.
Fazes-me ter orgulho em ti, por tudo aquilo que és. É raro dizer isto de alguém, mas tu és naturalmente boa pessoa. Tu não suportas ver ninguém a precisar de ajuda e não fazer nada. E por favor, não mudes. Essa é uma das melhores qualidades que tens e que deves sempre preservar. Por isso, João, eu posso ser horrível contigo, mesmo sem intenção, que tu, ainda que chateado, agarras o meu braço, puxas-me e dás-me um abraço apertando-me com a maior força do mundo como que se me dissesses que eu posso confiar em ti, que tu não me vais deixar como outras pessoas já o fizeram. Dás um novo sentido ao meu conceito de amizade, e por isso estou-te eternamente grata.
No entanto, eu tenho muitas outras pessoas a quem agradecer. Por arrancarem sorrisos, por conversas, por momentos, por amizades inexplicáveis. Sei lá… por tudo e por nada.
Eu sei que desejar o para sempre é ser ingénua… Ainda assim, desejo que, onde quer que a vida nos leve, não nos esqueçamos um dos outros. De todas as lições que aprendemos uns com os outros e daquilo que nos uniu. Porque eu não quero passar por vocês na rua e fingir que não vos conheço, ou ter-vos como garantidos e um dia aperceber-me de que vos perdi. Eu quero isto! Quero este companheirismo, para um bom e para o mau. Quero esta união. Porque se não for por isto, de que vale a pena viver?