Fazes-me chorar. Fazes-me ter pena de mim mesma. Fazes-me sobretudo ter saudades. Parece ridículo especialmente depois de tudo o que já vi vindo de ti, mas tenho saudades. Não da pessoa em que te tornaste mas na pessoa que eras nos primeiros anos que passei a teu lado. Costumava admirar a maneira como não tinhas problemas em dizer o que sentias, a forma como te destacavas dos outros por, ao contrário deles, não teres medo de falar o que te ia na cabeça. Pelo facto de seres um amor de rapaz que conseguia ser tão querido que era impossível resistir aquela ternura. São coisas de "puto", talvez, que se vão perdendo com a idade. Aquele olhar meigo, aquele ar querido… talvez essa primeira impressão tenha desaparecido mesmo. E de vez. Contudo eu gostava imenso do apoio que me davas. Dos abraços que me davas. Gostava da maneira como me sentia protegida ao teu lado. Segura. E de repente tudo isso desapareceu. Tiraste-me tudo isso da mesma maneira que se puxa o tapete a alguém para este cair. A questão é que eu não tinha chão onde cair. O meu chão eras tu e tu desapareceste. Assim, sem mais nem menos. Sem explicações. Sem uma única discussão sequer. E eu ainda tentei. Juro que tentei. Lutei contra todo o orgulho e pus todo o amor próprio que ainda me restava de lado só para tentar. Mas mais uma vez deitaste um pedaço de mim abaixo. Mais uma vez tiraste-me o chão… E eu entrei em queda livre. Sem altura concreta para parar, sem momento certo de abrandar.