domingo, abril 29, 2012

razões para viver

          Ao longo da nossa vida entram e saem muitas pessoas. Umas saem porque as deixamos sair, outras porque as fizemos sair, outras saem porque resolveram partir e outras ainda, sem que esperássemos que isso acontecesse, sem um aviso prévio sem nada, resolvem partir.
           No entanto, existe também muita gente que entra. Muitas delas sempre cá estiveram… nós é que nunca lhes demos tanta importância como agora, e muitas outras mal conhecíamos e vieram a tornar-se mais nossas amigas que pessoas que conhecemos há anos. A amizade não se vê pela quantidade de anos que conheces alguém, mas pela qualidade de pessoa que tens ao teu lado, do amigo que te apoia e das coisas surpreendentes que fazem por ti. Pequenos gestos. Pequenos nada cheios de tudo. Nestes últimos seis meses deparei-me com seres humanos incríveis, ainda que vos conheça à muito mais tempo, alguns de vocês à realmente muito tempo, nos últimos seis meses apercebi-me da sorte que tenho em vos ter presentes na minha vida, em fazerem parte de mim de certa forma…
           Desde me ligarem para casa e obrigarem-me a ir sair, fazerem de tudo e mais alguma coisa para eu conseguir ir jantar com vocês, irem-me buscar ao trabalho e esperarem infinitamente por mim, até aturarem aquele meu mau feitio habitual, dando-me aquele abraço profundo que reconforta e é mais compreensivo do que qualquer palavra. Até mesmo por todas a vezes que me dão na cabeça eu estou agradecida.
           Há uns tempos trás pensava que estava sozinha, que tinha muita gente que chamava amigos, considerando-os como tal, mas que na realidade eram conhecidos. Muita gente que não estaria para me aturar e que nunca me apoiaria como em certos tempos houve alguém que me apoiou. Existira sempre esse vazio em mim, irei sempre em determinadas alturas sentir-me sozinha, porque há espaços que nunca serão possíveis preencher. Contudo, sei que existem muitas outras alturas em que me posso sentir completa por vos ter a vocês, amigos, não conhecidos, mas amigos, como um pilar desta coisa a que chamamos vida. Nós rimos, brincamos, chamamos nomes, chateamo-nos… mas no final do dia tudo se resume a duas palavras: Amizade e Preocupação. Duas coisas impossíveis de dissociar, pois quem é amigo preocupa e quem preocupa é amigo.
           Cada um de vocês é obviamente diferente, cada um com o seu feitio, cada um com a sua personalidade, e é isso que me faz achar-vos fascinantes. Que me faz achar-nos fascinantes. Porque de certa forma somos todos completamente diferentes, e somos pessoas que a partida nunca pensaríamos que pudessem entender-se tão bem e preocuparem-se tanto uns com os outros.
           E por isso posso dizer que adoro os momentos passados com estas pessoas que são minhas. São minhas por vários motivos, e são minhas por tempo indeterminado, mas tem vindo a ser minhas já há muitos anos, e há muitos anos que as guardo.
           Estas amizades minhas fazem-me sorrir, fazem-me ter conversas sérias, fazem-me brincar, aproveitar e ensinam-me a não me iludir. Estas amizades são a minha crença, são a minha religião. Estas amizades fazem valer a pena cada segundo. Porque estas amizades deixam-me memórias. Estas amizades comportam-se como minha família. Nela existem segredos só nossos, discussões que só nós entendemos e sobre as quais, só e apenas nós, temos o direito de opinar. Existe uma protecção, uma afinidade. Uma cumplicidade. E estas são pequenas palavras, palavras excessivamente pequenas, de tal forma pequenas que não conseguem explicar a complexidade desta amizade. Mas é isso que me fascina nela: a sua complexidade. Aquela que faz com que sejamos tão ridiculamente unidos, tão fascinantemente idiotas nos nossos gestos. Quando aprendes a ler as pessoas só com o olhar, apercebeste que não foste tu que as conquistaste, mas elas que te conquistaram a ti.
           Tenho-vos a agradecer imenso, a cada um de vocês, mas gostaria também de agradecer especialmente à minha peste. Não descartando todas as outros ou menosprezando o seu valor para mim. Mas esta pessoa esteve comigo muitas vezes, esta pessoa provavelmente preocupa-se mais comigo do que eu. Esta pessoa mantém os meus pés assentes na terra quando o meu instinto natural é vaguear pelas despreocupações, cometendo asneira atrás de asneira. Esta pessoa não se zanga comigo, chama-me à atenção. Esta pessoa tenta compreender-me e descomplicar o que eu faço questão de dramatizar. Esta pessoa deixa-me sem palavras para que eu a consiga descrever. Ela acolhe-nos na sua vida mesmo mal nos conhecendo, ela está sempre lá quando precisamos pondo-nos à frente das suas próprias necessidades. Esta pessoa é mais do que um irmão para mim. Ela faz-me ficar com um brilho nos olhos cada vez que a vejo… a expressão dela diz-me que está tudo bem. Que a vida não é tão má quanto eu julgo que seja. Que há coisas que valem a pena, e que a amizade é uma delas.
           Fazes-me ter orgulho em ti, por tudo aquilo que és. É raro dizer isto de alguém, mas tu és naturalmente boa pessoa. Tu não suportas ver ninguém a precisar de ajuda e não fazer nada. E por favor, não mudes. Essa é uma das melhores qualidades que tens e que deves sempre preservar. Por isso, João, eu posso ser horrível contigo, mesmo sem intenção, que tu, ainda que chateado, agarras o meu braço, puxas-me e dás-me um abraço apertando-me com a maior força do mundo como que se me dissesses que eu posso confiar em ti, que tu não me vais deixar como outras pessoas já o fizeram. Dás um novo sentido ao meu conceito de amizade, e por isso estou-te eternamente grata.
           No entanto, eu tenho muitas outras pessoas a quem agradecer. Por arrancarem sorrisos, por conversas, por momentos, por amizades inexplicáveis. Sei lá… por tudo e por nada.

           Eu sei que desejar o para sempre é ser ingénua… Ainda assim, desejo que, onde quer que a vida nos leve, não nos esqueçamos um dos outros. De todas as lições que aprendemos uns com os outros e daquilo que nos uniu. Porque eu não quero passar por vocês na rua e fingir que não vos conheço, ou ter-vos como garantidos e um dia aperceber-me de que vos perdi. Eu quero isto! Quero este companheirismo, para um bom e para o mau. Quero esta união. Porque se não for por isto, de que vale a pena viver?

segunda-feira, abril 23, 2012

Futilidades e inutilidades da vida

‎"O teu silêncio tomou-me os dias e todos os dias tento a aprender a viver com ele.
Tento convencer-me de que, como todos os homens és livre e podes escolher o que queres para a tua vida, mesmo que isso implique eu não fazer parte dela. Nunca saberei quando tomas-te a decisão, nem porquê. Não sei o que é amar alguém e desistir desse amor, a não ser que esteja em perigo a minha vida, por isso tento não pensar naquilo que me é impossível entender, que é alguém ter o amor entre as mãos e deixa-lo escorregar como água.
Existiu sempre dentro de mim uma força que me impeliu na tua direcção. Chama-lhe intuição ou teimosia, chama-lhe carência ou vontade, chama-lhe loucura ou sabedoria, chama-lhe desejo ou protecção, porque nessa força imensa e agora paralisada pelo teu silêncio havia um pouco de tudo. E o amor é feito de mil e um pequenos nadas que são tudo, ou quase tudo. Uma força quase sobrenatural, uma vontade acima da minha vontade, que sobreviveu semanas, meses, alimentada a sonhos e migalhas, porque antes e depois da vida há o sonho e o sonho pode sobreviver a tudo, até à morte.
Mas o fio dos dias vai tecendo à minha volta uma teia cada vez mais grossa e opaca, e sinto-me prisioneira do tempo e do silêncio, sem armas para me libertar desta rede que me entorpece os membros e me anestesia o coração. Durante o dia enquanto a luz me alimenta, consigo aceitar esta realidade, mas à noite o sonho é mais forte e a cabeça é dominada pelo coração e por isso choro, choro muito, com muitas saudades tuas." MRP

E por amor, entenda-se que existe amor para além do amor apaixonado e fogoso que se sente por um outro alguém. Existe amor de irmão, existe um amor que implica preocupação, carinho, afecto, compreensão, confiança.. Existe amor assim que foi tornado em nada e a troco de quê? De uma vida superfula.

E foi a última vez que chorei. Foi a última vez que quis saber de ti. 

sábado, abril 21, 2012

cartas a um desconhecido

          Não esperes que corra sempre atrás de ti, vai haver dias em que espero que o faças por mim. Não esperes que seja eu a dar o primeiro passo em tudo, vai haver dias em que esperarei que sejas tu a convidar-me para sair, que sejas tu a vires ter comigo, que sejas tu quem diz "bom dia" ou que sejas tu quem sente falta. Não esperes que me faça de convidada para te acompanhar a algum lado; se não me perguntares se quero ir eu também não direi nada. Não esperes que te peça para me vires acompanhar a casa, na maioria das vezes não o farei porque ainda sou muito senhora do meu nariz, mas gosto de ter mais uns minutos ao teu lado antes de ires embora. Não esperes que te pergunte onde estás ou com quem estás a toda a hora, ou que te pergunte sequer tal coisa, cabe-te a ti dizer-mo se achares importante e respeitoso dizer-me tal. Eu não te irei controlar. Irei ficar ruida por dentro por saber o que andaste a fazer eu irei ficar inquietante quando não me responderes, mas nã te direi nada, acredita que não irei demostrar qualquer tipo de descontentamento. Mas quando a desconfiança se instalar, quando eu também não te disser nada de mim, não me culpes por jogar perante as tuas regras.
           Não esperes que pergunte como estás a cada 5 segundos... porque quando eu perguntar e tu não quiseres responder, eu não perguntarei novamente. Quando estiveres preparado para me contar, estarei de ouvidos, ajudar-te-ei, irei encostar-te contra o meu peito, abraçar-te e dizer-te que irá tudo correr bem, mas terás de ser tu a dizer-me o que se passa. E quando eu estiver mal mas não quiser falar, tudo o que terás de fazer é exactamente o mesmo: apenas terás de mostrar que estás ali. E não me pressiones, não me forces a contar-te nada. Quanto mais o fizeres, mais eu te afastarei de mim. Mas não desistas, não desistas de mim mesmo quando eu te trato mal, te chamo nomes ou grito contigo. Eu não desistirei quando a situação se inverter. Porque até mesmo quando me disseres que já não gostas de mim, eu não acreditarei. Quer queiras quer não, quer gostes ou não, eu conheço-te. Eu sei quando não estás a falar a sério e apenas me queres afastar de ti. E também sei que esses são os momentos em que mais precisas da minha presença. Não esperes que esteja constantemente a dizer-te o quanto gosto de ti... porque se eu não gostasse, acredita, eu não estaria contigo. Mas confesso que adoro a maneira caricata que tu tens de me mostrar que me adoras. No entanto, fica sabendo que, sabe bem ouvir, não ler mas sim ouvir da tua boca, o quanto tu gostas de mim. Sabe bem receber mensagens a meio da noite ou simplesmente inesperadas. Sabe bem a surpresa... Fazeres o inesperado e apanhares-me completamente desprevenida. Sabe bem dizeres-me coisas ao ouvido e olhares-me nos olhos como se te perntence-se. Sabe bem sentir que me proteges mas também sabe bem saber que me deixas proteger-te, que me mostras as tuas fragilidades sem as encarares como fraquezas.
           Não esperes que esteja aqui só nos bons momentos. Porque quando os tempos forem dificieis será quando eu não te irei largar. As palavras não passam disso mesmo, de palavras. Mas as atitudes... as atitudes trancendem-nos. Mostram o que realmente sentimos e o quanto nos preocupamos e acarinhamos o que temos connosco. Não quero que mudes quem és mas, sê o mellhor de ti à frente de todos os outros, pois apenas eu tenho o direito de ver o teu lado pior, o teu lado lunar.

segunda-feira, abril 16, 2012

acasos

E exigimos sempre mais e mais, não nos contentamos com o máximo que uma pessoa pode dar. E por esse mesmo motivo procuramos infinitamente pelo "melhor partido", acabando por partir muitos corações pelo caminho. O amor, bem como outros valores da vida, tornou-se uma banalidade. Uma obscena banalidade! Quem hoje nos parte o coração, já veio de coração partido para nós.

domingo, abril 15, 2012

Deixa-me

Deixa-me ! Deixa-me ceder aos vícios deste submundo e dar vida ao meu corpo entorpecido. Estou vazia, por isso deixa-me dar-lhe alegria. Deixa que eu saia deste meu corpo que não passa de um recipiente para a minha alma. Mas a minha alma trancende-me. Sou mais do que esta prisão me deixa ser. A minha mente flutua, viaja, sonha... percorre caminhos que as minhas pernas não. O meu corpo permanece imóvel e eu não sinto nada. Deixa-me ceder aos vícios desta vida porque eu tenho necessidade de sentir. Os meus sentidos adormeceram... não sinto dor, não sinto amor, não sinto magoa nem sequer rancor. Eu simplesmente não sinto.

quarta-feira, abril 04, 2012

cicatrizes no coração

Pegaste nele, amachucaste-o, queimaste-o, pisaste-o, esqueceste-te dele... e devolveste-mo como se eu soubesse a cura para todas as doenças, como se eu tivesse a solução para todos os problemas... Quando tudo o que era preciso era teres cuidado dele.